[...]Cláudia era prometida a um índio tikuna de uma aldeia distante. Ela não achou a ideia ruim, mas acabou desistindo do casamento para poder estudar e aprender português. Aos 14 anos, começou a frequentar uma escola da zona rural de Amaturá, quase na divisa com a Colômbia. Na sala de aula sentiu pela primeira vez o peso do preconceito. " Jogavam pedra na minha cabeça, até hoje tenho marcas. Eu não sabia responder porque ainda não falava português, recorda. Aos 18 anos, foi viver em Manaus e trabalhar como empregada doméstica em troca de cama e comida. Depois de passar por várias " casas de família" e aprender a falar português fluentemente ( com um discreto sotaque), ela conheceu um casal que lhe deu o primeiro salário. Persistentes, apesar de muitas horas de trabalho e falta de dinheiro, conseguiu estudar até o 2º ano do ensino médio. Em contato com indígenas de outra etnias, Cláudia conheceu seu marido, Jecinaldo Cabral, um líder indígena da etnia sasterê-mawês, da região do Baixo rio amazonas.
Ngetchá'ütümäü ( lamentação em português) foi a primeira das 12 músicas que Cláudia compôs e faz parte de uma coletânea que reúne canções de grupos indígenas do Amazonas, patrocinada pela Coordenação da Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). No CD, há mais três composições de autoria de Cláudia, que costuma se apresentar em eventos sobre meio ambiente, direitos humanos e questões indígenas em vários estados. Sua música também atravessou fronteiras:a cantora participou de uma turnê na Venezuela, patrocinada pelos Ministérios da Cultura do Brasil e daquele país; sfoi uma das principais atrações indígenas de um evento especial feito para a rainha Sofia, na Espanha, promovido pelo Unicef; e esteve presente, em em 2005, no ano do Brasil na França. " Nossas apresentações, em Paris, ficavam sempre lotadas. As pessoas gostavam de falar com a gente, mesmo com a dificuldade do idioma", recorda. " Foi importante porque muitos artistas não indígenas costumam usar cocar e pintura de índio sem nem saber o significado disso."
Hooje com 28 anos, morando em Manaus, Claúdia entoa a cantiga de espantar grilos para seus filhos, Jecinaldo e Debora. Em apresentações publicas a cantora prefere composições próprias de 'conscientização" e de incentivo aos povos indígenas. "Minha música fala da grandeza da cultura dos ídios", diz ela com um timbre que varia do soprano ao contralto e ritmo tremido, que causa cmoção em que a ouve, mesmo sem entender as letras. Cláudia canta sempre em língua tikuna.
Vivaz e espontânea, Cláudia tem agora um grande desafio -conseguir patrocínio para gravar o primeiro CD-solo. Seu grande sonho, no entanto, é fazer uma gravação com seu povo, lá na aldeia em que nasceu e onde seus pais vivem até hje. Cláudia os visita regularmente " para se aconselhar e se inspirar". "Sempre fica emcinada ao ouví-los cantando. Na aldeia, há uma energia muito forte", conta. " No meios do meu povos, não se fica triste ou preocupado com coisas pequenas"
Seu nome indígina é Ngü'ãena Rü ="aquela que canta ao amanhecer e ao entardecer".[...]1
As linhas que só preconceito traça são tortuosas, execráveis e completamente fora de padrão. Dividir o ser humano em raça é como se estivessemos tratando de algum tipo de animal, que se subdivide em várias e diferentes raças, por causa de um focinho, ou uma cauda, ou uma pata menor ou maior enfim, é submeter o nossos julgamento as coisas tão pequenas que se torna mesquinho, e ainda assim no século 21 no ano de 2009, nos deparamos com atrocidades que nos deixam boquiabertos, sem a mínima perspectiva de mudança. É incrível como os homens se tornam cientistas maravilhosos que conseguem desenvolver qualquer tipo de máquinas, vírus, antivírus, tecnologia de ponta, ultima palavra em moda, textos que se tornam livros que são os mais vendidos, músicas que se tornam o hit do momento e levam multidões a estádio, tensos uma criatividade sem limites, ideias fabulosas, mas nossas mentes brilhantes esbarram no preconceito. O sentimento não de codifica a razão, mas a razão engloba o sentimento e aí sim decodifica o que está sendo passado naquele momento crucial. Não entendo onde aqueles que se disseram civilizados um dia perderam a noção de igualdade. Talvez seja isso porque ela nunca tenha existido de fato. É sempre a lei do mais forte e os nativos das terras a serem conquistadas se tornaram uma ameaça não ao desenvolvimento do progresso em si, mas a mistura do sangue, que não seria mais purificado, criando uma miscigenação decorrente do envolvimento entre os povos diferentes.
As filhas da terra, indígenas do solo brasilis foram violentadas num passado não muito distante. Mais ou menos 500 anos atrás. Tiveram suas vidas devassadas por homens que vieram do velho mundo para desbravar o novo, e porque não trouxeram respeito consigo eu não sei, porque os índios tinham suas próprias leis e até aquele momento de 'invasão' tudo tinha corrido bem.Viviam segundo seus costumes, era a ordem natural das coisas. Mas o homem chamado branco achava ter ideias melhores, sua forma de vida era melhor, sua astúcia e corrupção chegou no meio da pureza e a falta de ambição. Destruíram tudo.
Agora essa mulher forte levanta-se colocando a sua voz a favor dos seus para que haja um respeito pela cultura que não deve ser morta nem mesmo enterrada, senão perderemos nossas referências e raízes, pois temos sangue índio correndo em nossas veia, nem que seja por afinidade. Ela quer que se mantenha o mínimo de dignidade para que seu povo não perca suas tradições e seja varrido de uma vez da face desta terra que na realidade pertence em primeiro lugar a eles por direito de herança. Eram eles os donos quando os homens chamados brancos chegaram aqui.
Que a voz desta índia tikuna corra com o vento que vem dos quatro cantos e sopre sobre todo o Brasil e toda a terra em que puder pisar, para que em nenhum lugar deste mundo as pessoas se esqueçam que todos somos seres humanos cumpridores desta missão que nos negamos a enxergar e tomar como nossa. Amar ao próximo com a ti mesmo é a maior lição de todas. Se você se ama realmente não vai querer ver um igual passar nenhuma dificuldade ainda que os tom da pele dele não seja igual ao seu.
Esta mulher merece ser reverenciada em um país de geografia machista que não respeita nem mesmo suas mulheres chamadas brancas.
Aos que a apedrejaram se cortem de inveja, ela não só venceu tudo isso como é uma mulher que se realiza independente da sua cor de pele ou sua origem. Aposto que os que cometeram o crime de violência racial contra ela não devem ter ido cantar para a rainha da Espanha nem mesmo participaram do ano do Brasil na França.
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