Antigamente eram as famílias que casavam os filhos. Fazia-se um acordo entre os patriarcas e decidia-se o futuro daqueles que nem se conheciam, mas garantia um confortável vida de casados. Na verdade unia-se furtunas para que se aumentasse o dinheiro nos cofres.
Triste isso! A maioria dos casamentos não davam certo. A infelicidade era geral, poucos os que conseguiam se acertar. Uma bela fachada pintada de cores de hipocrisia reinava exuberante nos salões de baile. Mas o maior direito sempre foi dos homens.
Georgiana Spencer casou-se com Sir William Cavendish duque de Devonshire. Casamento esse acertado entre as famílias. Ao entrar nessa relação teve um susto inicial, ele trouxe a filha, fruto do relacionamento com uma serva, para dentro de casa, a fim de que sua nova esposa pudesse cuidar dela.
Tiveram três filhos, duas meninas e um menino. Georgiana apresentou a furtura amante de seu marido para ele. Tinha que conviver com ela na mesma casa. Ela participava das refeições foi obrigada a aceitá-la, junto com os filhos homens que já possuía de seu primeiro matrimonio. A duquesa de Devonshire teve um affair com John Grey e, foi proibida de vê-lo. Acho que não deveria ser assim, afinal já que o duque tinha a sua amante lhe servindo dentro de sua casa, deveria deixa-la ter o seu amante da mesma forma. Mas como? Um homem que vivesse esse tipo de situação era tido como desgraçado e sua reputação afundada na lama. Já a da mulher não. Ela podia suportar ver seu marido se satisfazer nos braços de outra.
Georgiana engravidou de John Grey, e o Duque a enviou para uma casa no campo no período da gravidez. assim que a criança nasceu ela foi sentenciada a dar a criança para a família do Sr. Gray. Não deveria, já que a filha 'bastarda' dele vivia dentro de sua casa. Deveria deixar a filha dela viver lá também. Mas como? Ele seria tido como o 'corno' do ano. Aceitar a filha de outro homem dentro de sua propria casa era muito ruim para sua reputação, faria com que ele se lembrasse que também foi traído, isso era inadimissível.
Ele a destruiu das mais variadas formas. Não respeitou seus sentimentos, sua opinião quando ela pediu a ele que mandasse embora a sua amante. Impos a ela que cuidasse de um filha que nem era dela, quando a filha dela teve que ser entregue a outra família. Impediu-a de ser feliz quando ela encontrou seu verdadeiro amor, o que ele não fez a si proprio já que sua amante vivia com eles.
Dois seculos depois vem a história da princesa Diana Spencer, descendente da família de Georgiana, mais precisamente de seu irmão que foi o segundo duque Spencer. Que também teve sua vida devastada pela família real.
Hoje em dia, quando todos podem escolher com quem se casar, a situação se inverte mas continua a mesma! As pessoas se escolhem e casam com as famílias. Uma pequena inversão que acaba dando na mesma. Vejo isso todo dia. Frases tipo " se eu soubesse que sua família era assim, jamais teria casado com você", ou " como a família dele(a) se intromete tanto na nossa relação". As coisas não mudaram em nada, simplesmente deram uma liberdade aparente a todos nós, porém ainda somos reféns da sociedade que nos impede de ser feliz. Reféns da família que está sempre querendo ajudar, pois os pais dizem que têm experiência e o resto da família acha que eles não deveriam criar os filhos assim.E o mais interessante é que os pais da esposa sempre dão apoio ao genro. Porque é sempre bom manter as aparências. Não aceitam ela de volta em casa, e quando aceitam, cobram cada centavo do que é gasto, afinal de contas ela não deveria ter largado o marido, pois casamento não se acaba assim. Tem que lutar até a última gota de sangue.
O marido tem sempre razões que a própria razão desconhece. Figura o esteriotipo de uma sociedade machista, cujas mulheres também são machistas. Não que alguém tenha que levantar a bandeira do feminismo exacerbado, pero que si pero que no, tem que ver os dois lados da moeda. Saber os dois lados da história, para que se possa confrontar as 'verdades' de ambos.
Não sei sse haverá solução neste estágio avançado deste cancer espiritual que invade a alma das pessoas. Estamos todos impregnados de conceitos projetados em séculos passados. Vinculados a satisfazer o interesse alheio desde que a reputação e o bom nome da família seja mantido em nome de uma instituição chamada casamento, que por mais falida que esteja ainda é a saída mais comum para se viver um relacionamento a dois. Não que isso seja fatídico, já que para os religiosos e demais usos e costumes o casamento tem que ser celebrado de uma forma tradicional onde as testemunhas estão vendo que de público todos dizem sim quando na verdade não têm certeza do que estão realmente fazendo. Ou Friamente desejam ter uma empregada de luxo em casa para poder fazer todo o serviço que antes era a mãe que fazia. Sim, porque muitas mulheres diplomadas se dão a esse cargo, a doméstica de luxo. (nada contra as domésticas, é uma profissão muito digna). Refiro-me ao uso incondicional de nossas habilidades como donas de casa, para fazermos mais do que nos é realmente permitido. Sem descanso e sem reclamação.
A Duquesa Georgiana tinha uma vida pública, se envolveu na política, era ícone da moda, de uma popularidade invejável. Porém nada disso modificou a sua posição de mulher, esposa e mãe. O fato de 'trabalhar fora' não a poupou das humilhações que seu marido a fez passar. Ela perdia a força diante do contexto social. Sua condição de mulher limitava seu campo de ação.
Vejo que hoje isso ainda acontece, com mulheres de várias camadas sociais. Se a que mora na roça sofre com a ignorância de um marido sem uma educação privilegiada, a que mora numa mansão sofre com a excelência primorosa dos caprichos de um homem com elevado conhecimento e formação absolutamente inquestionável. Quem ousaria questionar um homem que detém tanto poder?
Vejamos os texto a seguir:
[...] Por que o Jacinto não trabalha?
Ela respondia resignada
- Ele não pode. sTem problema de saúde. Não serve pra nada.
E muitas vezes a pessoa retrucava:
- Qual nada, Dona Enerstina. Ele sé preguiçoso! Ah, se fosse o meu merido! ssTeria que se virar! Onde sjá se viu?
Enertina davaa de ombros e não respondia. Estava habituada àquela vida. Casaras-se muito scedo: ele, com trinta anos; ela com treze. Seu pai lhe dissera:
- Você vai casar com ele. Já acertamos tudo.
-Mas spai, eu nem conhecço ele direito!
-Fica conhecendo, ora essa! Ele é um bom partido. Um homem que já tem um pedaço de terras, tudo plantado, tem fartura. Sabia que a terra é dele? O pai já passou tudo para ele. você vai ficar bem.
Ela obedeceu. Como não obedecer? Educada a maneira dura, jamais podia dizer não aos pais. Durante o primeiro ano de casamento, quando o pai de jacinto ainda estava vivo, tudo foio muito bom. Ela era bem tratada, não lhe faltava nada.(...) A vida parecia-lhe fácil, até o dia em que o pai de Jacinto ficou doente. Sua esposa tratou dele, levaram-no ao médico da cidade, mas nada deu jeito. Ele morreu. Depois disso, tudo foi se modificando. Dona Edinete, sem o marido, ficou triste, deu para beber, ficando fechada no quarto por dias e dias. Ernestina teve de assumir a direção da casa.
Muitas vezes tentou fazer com que Jacinto cuidasse da plantaçãos, mas ele alegava que se sentia mal, que não gostava do cabo da enxada e que sua saúde era delicada. Apesar da saúde delicada conseguia um filho por ano e logo ela estava com cinco filhos. Como ele não cuidava da plantação, o mato começou a crescer, e Ernestina não dava conta de cuidar da família e também da plantação. (...) Foi então que começou a pegar roupas de fora para lavar."[...]1
Hosje sos casamentos não são mais arranjados desta forma. A não ser por algumas famílias ricas que desejam expandir os negócios ou aumentar o montante da famílila. Mas asinda há o engano. Geralmente, acontece quando do desepero, da liberação exagerada e a falta de discernimento. Parar para observar. Saber o que realmente você quer. E tensho certeza absoluta que ninguém quer sofrer.
O não tirar um tempo para conhecer a si mesmo, traduz casamentos erroneos, enganosos que acabam em separação. Buscamos no outro o que queremos que seja preenchido em nós. Somos seres completos e a exemplo dessas duas mulheres, não queremos ter a nossa vida modificada e desrespeitada por quem quer que seja.
Somos capazes de escolher não pelo desespero de sermos tachadas de solteironas, ou mal amadas. Mas sim de sermos vistas como mulheres independentes até nas nossas escolhas. Ainda que a sociedade, a família, o vizinho o gato e o cachorro faça pressão para que se aja de forma contrária.
Referência:
1-Trecho do livro - Quando chega a Hora - por Zíbia Gasparetto - ditado pelo espirito Lucius
Filme: The Duchess of Devonshire - by Paramount Vintage
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